As expressões idiomáticas são elementos linguísticos que enriquecem a forma como nos expressamos, tornando a comunicação mais autêntica e envolvente.
Ao longo deste artigo, vamos explorar a sua origem, exemplos específicos de Portugal, Brasil, Inglaterra e Alemanha, bem como a sua importância cultural.

O que vamos explorar:
O que são expressões idiomáticas?
As expressões idiomáticas são um dos aspetos mais fascinantes e peculiares de qualquer língua. Trata-se de frases ou locuções cujo significado não pode ser compreendido apenas pela interpretação literal das palavras que as compõem. São parte integrante da cultura de um povo e refletem muitas vezes a sua história, tradições e forma de ver o mundo.
As expressões idiomáticas tornam a comunicação mais rica e dinâmica, permitindo que os falantes transmitam ideias de forma mais expressiva e figurada. São utilizadas tanto na linguagem formal como informal, e o seu conhecimento pode facilitar a aprendizagem de uma língua estrangeira, tornando a comunicação mais fluida e natural.
Expressões idiomáticas portuguesas
As expressões idiomáticas portuguesas refletem a cultura e a história do país, transmitindo sabedoria popular. Programas como Cuidado com a Língua! (RTP) ajudaram a divulgar a riqueza da língua, explicando-a de forma acessível. Iniciativas como esta promovem a preservação do património linguístico, garantindo a sua continuidade.
Expressões portuguesas
A língua portuguesa é rica em expressões idiomáticas que são utilizadas no dia a dia pelos falantes. Algumas dessas expressões têm origens históricas, enquanto outras surgiram da sabedoria popular. Eis alguns exemplos:
- “Ficar a ver navios” – Significa ficar desiludido ou sem alcançar o que se esperava. A origem desta expressão remonta à época dos Descobrimentos, quando D. Sebastião desapareceu na Batalha de Alcácer-Quibir. O povo português esperava ansiosamente pelo seu regresso, observando o horizonte à espera de navios que nunca chegavam.

- “Meter os pés pelas mãos” – Usado quando alguém se engana ou confunde numa situação. A expressão tem origem na ideia de fazer algo desajeitadamente, como se uma pessoa trocasse os movimentos naturais dos pés e das mãos, causando confusão e erros.

- “Ter macaquinhos no sótão” – Expressa a ideia de alguém ter pensamentos estranhos ou preocupações obsessivas. A origem desta expressão vem da metáfora do “sótão” como a mente e os “macaquinhos” como pensamentos inquietantes ou paranoias que não deixam a pessoa sossegada.

- “Chorar sobre o leite derramado” – Significa lamentar-se por algo que já aconteceu e não pode ser mudado. A origem desta expressão é incerta, mas várias fontes sugerem que tenha surgido a partir de uma história de camponeses, que dita que uma jovem camponesa levava um balde com leite sobre a cabeça e, distraída a pensar nas coisas que compraria com o dinheiro que recebesse com a venda do produto, acabou por tropeçar, caindo e derramando todo o leite pelo chão. Ao ver a cena, a jovem chegou à conclusão de que não seria nada prático lamentar um facto que já havia ocorrido, uma vez que nada faria com que aquela situação se remediasse.

Gírias portuguesas
As gírias são expressões populares usadas em contextos informais. Muitas delas têm significados específicos e podem ser difíceis de entender para estrangeiros ou mesmo para falantes de outras variedades do português. Algumas gírias comuns em Portugal incluem:
- “Estar na boa” — Significa estar relaxado ou tranquilo.
- “Ter lata” — Usado para descrever alguém que tem muita coragem ou descaramento.
- “Andar à nora” — Significa estar confuso ou sem saber o que fazer.
- “Estar feito ao bife” — Significa estar numa situação complicada ou sem saída.
Expressões brasileiras
Embora Portugal e Brasil partilhem a mesma língua, algumas expressões idiomáticas são típicas do português do Brasil. Aqui estão alguns exemplos curiosos:
- “Pagar o pato” — Significa assumir a culpa por algo que não fez.
- “Fazer vaquinha” — Refere-se a juntar dinheiro entre várias pessoas para um objetivo comum.
- “Viajar na maionese” — Usado quando alguém está a dizer coisas sem sentido ou a sonhar acordado.
- “Quebrar o galho” —Significa encontrar uma solução improvisada para um problema.
Brasil vs Portugal: 10 expressões diferentes
Embora o português seja a língua falada em ambos os países, existem expressões que, apesar de parecerem diferentes, têm o mesmo significado. Conhecer essas variações é fundamental para evitar mal-entendidos e enriquecer o vocabulário. Aqui vai uma tabela comparativa de 10 casos curiosos:
Expressão Portuguesa | Expressão Brasileira |
Dar o litro | Dar o sangue |
Estou feito ao bife | Estou ferrado |
Estar com os azeites | Estar de cara feia |
É canja | É moleza |
Acordar com os pés de fora | Acordar com o pé esquerdo |
Cair no esquecimento | Cair no ostracismo |
Estar nas lonas | Estar quebrado |
Fazer figura de urso | Pagar mico |
Meter os pés pelas mãos | Dar mancada |
Ficar com o coração nas mãos | Ficar com o coração na boca |

Expressões idiomáticas inglesas
A língua inglesa também é rica em expressões idiomáticas, muitas das quais têm equivalentes noutras línguas. Algumas expressões comuns incluem:
- “Break the ice” — Literalmente “quebrar o gelo”, significa iniciar uma conversa e tornar um ambiente mais descontraído.
- “Spill the beans” — Significa revelar um segredo.
- “Hit the nail on the head” — Expressa a ideia de acertar exatamente no ponto certo.
- “Bite the bullet” – Significa enfrentar uma situação difícil ou dolorosa com coragem.
Estas expressões são frequentemente usadas em conversas informais, no meio empresarial e até mesmo em textos literários, tornando-se essenciais para quem deseja dominar o inglês de forma mais natural.
Existem vários livros dedicados ao estudo das expressões idiomáticas em inglês. “English Idioms in Use” da Cambridge University Press, por exemplo, oferece uma abordagem prática e variada, enquanto “Oxford Dictionary of Idioms” compila uma vasta gama de expressões, explicando as suas origens e usos no dia a dia.
Expressões idiomáticas alemãs
O alemão é outra língua rica em expressões idiomáticas interessantes, muitas das quais refletem a cultura e mentalidade dos falantes. Aqui estão algumas delas:
- “Tomaten auf den Augen haben” — Significa não perceber o óbvio.
- “Jemandem die Daumen drücken” — Usado para desejar boa sorte a alguém.
- “Aus einer Mücke einen Elefanten machen” — Significa ter uma preocupação/reação exagerada.
- “Das ist nicht mein Bier” — Expressa que a pessoa não tem nada a ver com o problema em questão.
Tal como acontece em outros idiomas, muitas dessas expressões não podem ser traduzidas literalmente, exigindo uma compreensão cultural e contextual para serem utilizadas corretamente. Por exemplo, a expressão alemã “Tomaten auf den Augen haben” traduzida literalmente para Português significa “ter tomates nos olhos”, o que não faz sentido.
Para quem estiver interessado em explorar mais esta vertente, livros como “Langenscheidt Großwörterbuch Deutsch als Fremdsprache” ou a versão “Redewendungen und sprichwörtliche Redensarten” da Dudenverlag ajudam a contextualizar cada expressão, explicando o seu uso e história de forma detalhada.
Expressões idiomáticas: principais conclusões
É importante lembrar que existem diversas variedades do português e que cada uma delas apresenta as suas particularidades. Para garantir traduções de português fiéis à singularidade de cada país, é fundamental recorrer a tradutores nativos, que entendem nuances regionais e expressões típicas e asseguram que o texto final seja orgânico e adaptado ao público-alvo.
As expressões idiomáticas são um reflexo autêntico da cultura e da história de um povo. Dominar essas expressões, seja na língua materna ou numa língua estrangeira, é essencial para uma comunicação eficaz e natural. O uso correto dessas frases pode tornar um discurso mais fluido, expressivo e cativante, ajudando os falantes a integrarem-se melhor em diferentes contextos linguísticos e culturais. Ao aprender uma nova língua, é sempre interessante explorar as suas expressões idiomáticas, pois elas oferecem um vislumbre único da forma como um povo pensa e se expressa.

Ricardo Casais
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